Ainda sem retorno previsto para a rede pública de ensino, a Baixada Fluminense tem algumas escolas particulares que pretendem seguir o ...
Ainda sem retorno previsto para a rede pública de ensino, a Baixada Fluminense tem algumas escolas particulares que pretendem seguir o decreto estadual e retomar as aulas presenciais no próximo dia 14. Em São João de Meriti, um protesto pela reabertura das unidades privadas reuniu cerca de cem pessoas, algumas sem máscaras, ontem, na Praça dos Três Poderes, em frente à prefeitura. Mas o retorno é um tema que divide pais e responsáveis.
A empresária Sâmia Warrak Katzenstein, de 38 anos, ainda tem dúvidas se Valentina, de 4, volta este ano:
-Gostaria que acontecesse o retorno das aulas presenciais por conta da rotina da criança, do contato com os amiguinhos e da qualidade do aprendizado, mas me sinto muito insegura. Sei que a escola está preparada com base nos protocolos de higiene, mas a Valentina ainda é muito pequena e não tem disciplina com uso de máscara, por exemplo. Além disso, me preocupa o contato com meus pais, que são do grupo de risco. Não queria privá-los da companhia dela.
Já a analista administrativo Maria Elena Viannay Siqueira, de 37 anos, decidiu que a filha Gabriella, de 12, só volta em 2021:
— Não tem vacina e já passamos do meio do ano. Minha filha fica com meu pai, que é idoso. Não zelo só pela saúde dela. É um ano perdido. Não temos o que fazer.
No último sábado, professores da rede particular de São João fizeram testes para Covid-19 num laboratório em Vilar dos Teles. Uma foto mostra os profissionais aglomerados. Segundo o Sindicato dos Professores da Rede Privada da Baixada Fluminense (Sinpro Baixada), cinco unidades da cidade se preparam para o retorno. O sindicato disse ainda que escolas particulares de Caxias também pretendem voltar.
— O protesto em São João não foi bem visto diante de toda a comunidade escolar e da sociedade civil. É triste a atuação desses donos de escolas que tentam insistir na volta às aulas e de uma forma inadequada, já que querem voltar inclusive com a educação infantil. O viável é voltar só quando toda a população estiver vacinada — ressaltou Eduardo Monteiro, presidente do Sinpro Baixada.
Entre 24 de julho e 24 de agosto, São João de Meriti registrou aumento de 32% no número de casos da Covid-19. Para Valdinei Rangel, advogado da Federação Intermunicipal dos Estabelecimentos de Ensino da Baixada Fluminense (Fenen), a realidade de cada cidade deve ser analisada antes do retorno.
— Além disso, tem que analisar número de leitos com capacidade para receber as pessoas — ponderou.
Sindicato diz que as crianças estarão em perigo
Coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação de São João de Meriti), Marta Moraes criticou o protesto de ontem e ressaltou que o município não tem infraestrutura de Saúde:
— A manifestação deveria ser para não haver retorno sem liberação da Organização Mundial da Saúde, da Fiocruz, dos órgãos públicos de Saúde. Infelizmente, não temos queda nos índices da pandemia. Defender retorno é irresponsabilidade. É expor crianças e toda a comunidade escolar ao perigo.
A Prefeitura de São João de Meriti informou que todos os passos da flexibilização têm sido dados com acompanhamento do Ministério Público e da Justiça. Disse ainda que, em 23 de julho, a Procuradoria Geral do Município enviou para a 3ª Vara Cível de São João de Meriti um pedido de reabertura das unidades particulares de ensino, mas a Justiça ainda não se manifestou.
Em nota, a prefeitura ressaltou que o prefeito João Ferreira Neto, junto com o Gabinete de Crise, já recebeu por três vezes os diretores das escolas particulares (assim como tem conversado com os mesmos profissionais da rede municipal): ‘‘Em todos os encontros com os empresários da Educação, o prefeito sempre deixou clara a situação do município e se propôs a ajudar no que for possível’’.
Via Extra
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