Enquanto aposentados estão sem receber há meses, a Prefeitura de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, comprou máscaras por um alt...
Enquanto aposentados estão sem receber há meses, a Prefeitura de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, comprou máscaras por um alto preço durante a pandemia. Como mostrou o RJ2 neste sábado (13), a empresa contratada tem ligações com o grupo político do prefeito da cidade.
Os indícios de superfaturamento nas compras do município contrastam com a situação dos aposentados. Um deles contou que está com a geladeiras vazia, e cobrou do prefeito da cidade, João Pereira Neto, o pagamento das aposentadorias. A sensação é de abandono e descaso.
E, enquanto isso, durante a pandemia de Covid-19, há indícios de superfaturamento na compra de equipamentos hospitalares. No fim de abril, Pereira Neto anunciou a compra de 300 mil máscaras que seriam distribuídas para a população de São João. A promessa foi publicada no Diário Oficial.
Para a compra sem licitação, o município da Baixada contratou a L4B4 Comércio e Serviços – cujo representante é Lúcio Barrada Lopes. Eram máscaras de proteção em dupla camada de algodão e saíram por quase R$ 2,6 milhões. O valor enfrentou críticas de parlamentares da cidade, que consideraram o valor caro – cada máscara saiu por R$ 8,60.
"Eu fiz um orçamento aqui, no centro do Vilar dos Teles, com só 10 mil unidades de poliéster, que é um material melhor, de mais qualidade, e saiu por 2,70 [a unidade]. Imagina se comprasse 300 mil unidades quanto que essa empresa faria", afirmou o vereador Dinho da Farmácia (SD).
O parlamentar cobrou que a Câmara de Vereadores do município, da qual é integrante, instaure uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para checar as compras emergenciais.
A L4B4 – empresa contratada para fornecer as máscaras – foi criada em novembro do ano passado. Na descrição de atividades na Receita Federal, constam vários serviços. O RJ2 foi até o endereço onde ela deveria funcionar, em Nilópolis, município próximo. O local é uma casa sem qualquer placa indicativa ou letreiro.
Lúcio Barrada Lopes, que apareceu no Diário Oficial de São João como representante da empresa, é irmão de Luciano Barrada Lopes, denunciado pelo Ministério Público Federal como um dos chefes de uma quadrilha que fraudava licitações na Baixada Fluminense.
Luciano é velho conhecido da Prefeitura de São João de Meriti. De acordo com a denúncia que investiga as fraudes na Baixada, a quadrilha de Luciano fraudou o caráter competitivo de um pregão presencial da prefeitura. O objetivo, segundo o MP, era obter vantagem em um contrato de uniformes escolares no valor de R$ 5,2 milhões.
Os irmãos Lopes são donos de empresas com alta performance em contratos públicos, principalmente em São João. Outras três firmas administradas por eles têm contratos com a prefeitura da cidade e, nesse bom relacionamento, sobram até vagas para os empresários em mandatos políticos aliados do prefeito Dr. João.
No ano passado, Lúcio Barrada foi secretário parlamentar de Gelson Azevedo, que hoje é deputado, mas foi também eleito como vice de Dr. João na chapa vencedora. Luciano também foi secretário parlamentar de outro aliado político do prefeito, o ex-deputado Simão Sessim.
O RJ2 não conseguiu contato com os irmãos Lúcio e Luciano Barrada Lopes, e nem com os outros citados na reportagem.
A Prefeitura de São João de Meriti disse que a compra foi de 600 mil máscaras, e não 300 mil. Outros questionamentos sobre as ligações dos empresários com o grupo político do prefeito, ou o pagamento dos aposentados, não foram respondidos.
Via G1.
COMENTÁRIOS