SÃO JOÃO DE MERITI - Em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, 195 pacientes renais crônicos estão com o tratamento de hemodiálise...
SÃO JOÃO DE MERITI - Em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, 195 pacientes renais crônicos estão com o tratamento de hemodiálise ameaçado. Há três meses, a prefeitura não faz o repasse da verba para a Policlínica Grande Rio, em Coelho da Rocha. A dívida já chega a R$1,5 milhão. Com o atraso, a unidade reduziu o horário do tratamento, que é feito três dias por semana e quatro horas por dia. Nesta segunda-feira, a diálise passou a durar apenas três horas. Procurada, a prefeitura não se manifestou sobre o assunto.
O comunicado sobre a redução do tempo da diálise já havia sido feito aos pacientes na semana passada. Temendo a interrupção do tratamento, muitos se desesperaram.
—Teve gente que ficou com febre, passou mal. Eu fiquei três dias sem dormir — conta o porteiro André Luís Rangel de Souza, que faz diálise há um ano e quatro meses e está na fila para o transplante há três meses.
Embora ainda não tenha um prazo definido, a administração da clínica informou que, se o atraso continuar, há a possibilidade de suspensão do tratamento.
— Essa redução no atendimento é um descaso da prefeitura. Sem tratamento, esses pacientes não sobrevivem — ressaltou a assistente social da Policlínica Grande Rio, Cristiane Merelles Rosa.
O atraso fez com que a unidade não conseguisse comprar mais materiais para o tratamento. Só dispõe do que há no estoque. A administração alega que, por isso, decidiu reduzir o tempo de diálise, para que consiga atender os pacientes com o material que ainda possui.
No ano passado, a prefeitura chegou a atrasar cinco meses. Só em novembro quitou os meses retroativos até julho. Mas logo depois voltou a atrasar. Desta vez, o paciente Hamilton Benício de Lima, de 46 anos, foi quem começou a campanha. Ele postou no seu perfil do Facebook para denunciar o atraso no repasse. A postagem teve mais de mil compartilhamentos.— A perda do tratamento é uma morte anunciada. Se puder fazer alguma coisa, vou fazer — desabafou Hamilton.
O aposentado Cláudio Márcio da Conceição Ferreira, de 44 anos, faz diálise há 25. Só na Policlínica Grande Rio, está há cinco. Ele disse que torce para que a situação se normalize, mas acha que a redução em uma hora do tratamento vai ser prejudicial aos pacientes.
— Nesse tempo não dá para filtrar todo o sangue. Chego pesado e saio pesado. Isso afeta os pacientes — disse Cláudio, que chegava a receber em casa o extrato do Ministério da Saúde com o valor do seu tratamento.
Secretária de Saúde não foi encontrada
Mesmo com uma dívida milionária e com vidas ameaçadas pela possibilidade de suspensão do tratamento, a Prefeitura de São João de Meriti se calou sobre o repasse. Disse que “a pessoa responsável para responder especificamente sobre o repasse para a Policlínica está em Brasília” e que não conseguiu contato com ela. Esta pessoa seria o presidente do Fundo Municipal de Saúde.
Questionada se a secretária municipal de Saúde, Márcia Fernandes Lucas, poderia comentar o assunto, já que, segundo o Ministério da Saúde, é a pasta que faz o repasse às clínicas conveniadas com o SUS, a assessoria de imprensa da prefeitura informou ontem que não conseguiu contato com ela.
O porteiro André Luís Rangel de Souza, de 29 anos, também criticou a burocracia para conseguir a gratuidade no transporte. Morador de Venda Velha, ele precisa pegar, três vezes por semana, um ônibus para levá-lo até Coelho da Rocha.
— O prefeito não assinou o documento que permite a gratuidade — explicou André.
Sobre a reclamação, a Secretaria municipal de Saúde informou que, nesses casos, a responsabilidade pela assinatura do passe de gratuidade é da pasta. Informou ainda que, até ontem, ainda não havia chegado ao setor nenhum pedido em nome do paciente.
Via G1
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